segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

SEGUNDA, 16 DE DEZEMBRO DE 2013





SEM COMENTÁRIOS

Do Julius Rigotto

EM ATLÂNTIDA!!
Rua Inambuí.


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LEMBRANÇAS DO VERANEIO

Pimentão de Pinhal
Não consigo me lembrar o motivo, mas nos anos 70 gostava muito de ir a Pinhal, a praia oceânica mais próxima de Porto Alegre. O curioso é que não conhecia ninguém que tivesse casa por lá e nem mesmo meus amigos me acompanhavam. Ia sozinho e ficava num hotel chamado Estrela do Mar.
O hotel era muito simples, todo de madeira, os quartos eram limpinhos, mas sem banheiro – apenas uma pia que, nas madrugadas, servia para o xixi. Servia café da manhã, almoço e jantar, incluídos na diária. TV só assistia durante as refeições. Num desses finais de semana soube, estarrecido, que um dos meus maiores ídolos, Erico Verissimo, tinha falecido. Era 1975.
Levava livros e as revistas da semana e os jornais alternativos. Numa época ia com telas, tintas e pinceis para “descarregar a criatividade”. No meio da madrugada a luz era desligada. Gostava dali. Poderia ir a Cidreira, bem maior e com muitos barzinhos. Não, ficava por lá mesmo.
Por duas vezes, um primo, como se fosse um irmão, José Antônio, foi comigo. Na primeira vez, no sábado, tinha um baile no clube. Fomos e tomamos todas. Quando a coisa estava animada e nós prontos para começar a dançar, apagaram a luz da cidade. Um breu. Só nos restava voltar ao hotel e dormir.
Acordei na madrugada com uma das maiores dores de barriga da minha vida. Não é vergonha nenhuma dizer que chorava e a cada “retorcida” na região da barriga, eu segurava um grito. O que fazer? Fiquei até clarear naquele sofrimento. Às vezes, eu falava “ai, Zé!!” e ele me pedia, rindo: “Para de dizer isso, o que vão pensar as pessoas nos outros quartos?”.
Eu não conseguia rir.
Na outra vez, o Zé Antônio levou uma namorada. Eu já estava lá quando eles chegaram no domingo, cedo. Tomamos o café e fomos para a praia. Um dia de cinema – sem vento e sem nuvens. A água estranhamente estava azulada. Ficamos naquela vida, sem guarda-sol, tomando cerveja. Nos revezávamos para buscar a gelada no hotel.
Lá pelas 4 da tarde, quando deu fome, fomos tomar banho para procurar alguma coisa para comer. É bom sempre lembrar que naquele tempo não existia protetor solar. Só os bronzeadores. Pois bem, eu não estava vermelho. Era um roxão só, dos pés ao rosto.
Como estava atrolhado de cerveja não senti nada.
Pegamos o ônibus e quando desci na esquina de casa – avenida João Pessoa com Venâncio Aires – as pessoas paravam para me olhar. De boca aberta.
Baixei a cabeça e fui célere para casa, onde me exilei por dez dias.
Dica: banhado em álcool. É a única coisa que resolve.

(José Luiz Prévidi)

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