segunda-feira, 12 de agosto de 2013

SEGUNDA, 12 DE AGOSTO DE 2013




OS NAVIOS DE TRAMANDAÍ

Clovis Heberle - jornalista - http://clovisheberle.blogspot.com.br/ 



Petroleiros ancorados ao largo de Tramandaí e Imbé fazem parte do cenário de quem olha para o mar.
Às vezes são seis, até oito navios, descarregando suas cargas, carregando ou esperando a vez de serem conectados a uma das duas monobóias, localizadas a quatro e a seis quilômetros da praia. Os navios - em média 22 por mês - trazem petróleo para a Refinaria Alberto Pasqualini, em Esteio, ou nafta para a Brasken, no Pólo Petroquímico de Triunfo.
Os produtos, bombeados pelos petroleiros, são levados por oleodutos até enormes tanques do Terminal Almirante Soares Dutra, o Tedut, localizados em Osório, e depois até a refinaria. Às vezes os navios são carregados de gasolina e óleo diesel para a exportação. Aí o fluxo é inverso. A monobóia mais próxima da costa é usada para nafta e a mais distante para óleo.
Oitenta por cento dos petroleiros vêm do exterior.
Os tripulantes são filipinos, indianos, coreanos, muitas vezes há semanas no mar. Ávidos por terra firme, são transportados até o trapiche da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em Imbé, por quatro lanchas, duas da Transpetro e duas terceirizadas da empresa Mundial. De lá, confiando no seu inglês geralmente precário, os marinheiros vão às compras.
Além de medicamentos, compram comida nos supermercados locais. "Fico impressionado com a quantidade de bolachas que levam a bordo, mas me chama a atenção como eles gostam de patas e asas de frango", conta Wanderlei Castanheira, Coordenador de Operações Marítimas do terminal.
As lanchas também transportam os funcionários da manutenção e os mergulhadores encarregados de verificar se as monobóias estão em boas condições para a amarração dos navios. A operação é feita cada vez que um navio chega para descarregar - quase um por dia. São 14 mergulhadores, para quem a rotina diária é enfrentar as águas geladas e quase sempre escuras do Atlântico Sul. Para eles, o tédio não existe.
O tédio também não faz parte da rotina dos mestres das embarcações que, todos os dias, saem da barra do rio Tramandaí e vão até as monobóias.
O maior problema - além das ondas deste mar muitas vezes bravio, que ultrapassam os dois metros e meio, obrigando a paralisação das navegação - é o canal. Por falta de molhes, cuja construção foi embargada depois de estudos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas sobre os efeitos danosos que traria à praia do Imbé, a barra é móvel, mudando de curso de acordo com o vento e a força da água das lagoas ou do mar.
Por falta de dragagem, o calado também varia, chegando às vezes a menos de um metro de profundidade. O mestre observa os ventos, a direção das ondas, e escolhe o melhor caminho para sair da barra. Na volta, sempre há momentos de tensão até a lancha ultrapassar a rebentação e chegar ao trapiche.


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